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sexta-feira, abril 18, 2008

Pingüins voadores

Antigamente não se podia acreditar muito no que se lia.
Hoje já não se pode acreditar nem no que se vê.




E para quem gosta de desvendar os mistérios da produção, segue-se o "making of" dos pingüins voadores.




Antes de assistir o "making of" fiquei pensando no pobrezinho do pingüim que jogaram em cima das folhagens.

É impressionante ver como os pingüins parecem reais, com certeza já chegamos em tal ponto da tecnologia de animação 3D que não é mais possível dizer se o que vemos é material vivo ou animado.
Essa situação pode permitir toda uma nova leva de teorias do cinema, até então várias delas se preocupavam com a representação do real, qual a linguagem cinematográfica que mostraria mais o real ou evidenciaria que o cinema constrói uma realidade (opacidade x transparência, corte seco x jump cut), até em atuação dizem do ator que capta a realidade do personagem.
Minha tendência sempre foi pensar que no cinema (e talvez em qualquer tipo de arte) não existe realidade, podem existir fragmentos, nuances, mas no final sempre existe um recorte ali, a visão de alguém. E se este alguém diz que não quer passar visão nenhuma ou é por que está mentindo ou então ignora a própria visão que está passando aos outros.
Dizer que uma certa linguagem cinematográfica está mais perto da realidade do que outra é a mesma coisa que dizer que um texto com vírgulas é mais real que outro sem, ou que o gerúndio aliena o espectador.
O que eu acho que importa no final das contas não é a forma ou linguagem em separado, mas o conjunto da obra e a mensagem que ela passa.
Uma animação 3D pode nos tocar mais fundo e falar mais alto aos nossos sentimentos e à nossa realidade do que um filme com atores reais.


E o vídeo dos pingüins acabou virando pretexto para uma discussão sobre teoria, mas colocando o pé um pouco mais no chão, outra coisa que me chamou a atenção no "making of" além do profissionalismo da equipe e da qualidade da animação foram os pequenos cuidados no ator pra dar a impressão de que ele estava na neve, desde efeitos na roupa até no jeito dele andar.
Tem um momento em que ele até enfia o pé em um buraco de neve mais fofa, esses detalhes fazem muita diferença na nossa percepção.


Agora uma pequena dúvida em relação à fotografia, no momento em que ele olha para os pingüins voadores no céu, ele não está realmente protegendo os olhos da luz. Imagino que se ele fosse proteger os olhos de verdade ele teria que usar o outro braço e a sombra do braço (e da mão) no rosto iriam atrapalhar uma tomada tão bonita.
É, a fotografia, principalmente em cinema e televisão, é cheia desses truques, mostrando algo falso ou que a primeira vista desrespeitaria alguma regra de continuidade mas que no final serve pra deixar a gente ainda mais fascinado e inserido na ação.

Caímos novamente naquela questão do especialista que se torna melhor por conhecer as áreas paralelas à sua profissão, se o continuista e/ou o diretor fossem chatos o bastante poderiam optar por um plano "mais real" que acabaria tendo um efeito não tão bom sobre o espectador.

2 comentários:

bnagumo disse...

this is the best post until now

Roteirista diletante disse...

Um post do qual eu me orgulho é aquele que fala sobre as fotos copiando os filmes do Hitchcock.

Mas há pouco tempo atrás o post mais visitado era uma foto (entre aquelas da colação de grau) com uma montagem, imitando o jogo "Onde está Wally", as pessoas procuram bastante pelo Wally no Google.