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quarta-feira, abril 16, 2008

Visão do conjunto faz um especialista melhor

É tão bom quando eu fico sabendo de profissionais de verdade que estudaram um pouco mais além de sua área de atuação.
Você percebe nesses profissionais que eles tem uma visão geral da coisa, adquirem um jogo de cintura maior pra resolver os imprevistos (pois sabem se antecipar aos pedidos dos outros departamentos), sabem se comunicar melhor com os outros membros da equipe e quando estão afim de esticar os limites da arte fazem isso com embasamento, não é apenas um devaneio fantasioso de alguém que joga uma idéia e espera que os outros a cumpram.

Estou me referindo aqui às áreas dentro do próprio audiovisual.
É certo que existem roteiristas que estudaram informática e arquitetos que se tornaram diretores, aliás, vários cursos que à primeira vista parecem que não tem nada a ver na verdade contribuem para o audiovisual, mas não estou falando disso.
Estou falando do roteirista que tem noção de direção, do diretor com noções de produção, do produtor que entende de roteiro e de fotografia.

Hoje no curso de Imagem e Som existem oito áreas: Roteiro, direção, edição, fotografia (de vídeo e cinema), hipermídia, som, produção e pesquisa.
Antigamente os alunos faziam todas as matérias e saiam entendendo um mínimo de tudo.
Atualmente existem introduções à estas áreas e no terceiro ano do curso o aluno só pode optar por duas das oito áreas. Esta opção é chamada de "ênfase" (no fundo no fundo é uma introdução alongada).
Na minha opinião o que aconteceu foi que os alunos deixaram de aprender as outras áreas (que são complementares à sua formação).
Como as "ênfases" não são tão aprofundadas assim o aluno não vira sequer um especialista.

O programa do curso passou por esta (suposta) especialização por forças do mercado.
Quando recém-formados quanto mais técnica a sua formação melhor, e muitos estudantes conseguiram se adaptar a isto.
Mas (e aí entra o meu exercício de futurologia) à medida que forem progredindo na carreira estes alunos "especialistas" precisarão conhecer as outras áreas e as matérias mais gerenciais, precisarão conversar mais com os outros departamentos e é neste momento que uma formação univesitária (plena, com visão do conjunto, tanto técnica quanto estética) irá valer a pena.
Isto sem levar em conta aquele fator importantíssimo, o técnico que tem conhecimento das outras áreas consegue conversar e entender melhor as exigências e necessidades dos vários departamentos, tornando-se um especialista ainda melhor.

Acredito que um curso que se proponha a formar um diretor deva dar ele não apenas uma introdução mas boas noções de:
- Roteiro
- Edição
- Fotografia
- Produção
- Direção de atores

Chega a ser ridículo então que uma universidade onde alguém faça uma "ênfase" de direção o aluno só possa estudar uma área a mais.

A mesma coisa vale para produção, no caso acima eu só trocaria direção de atores por som, este seria o meu programa para a formação de produtores.

Aí alguém me pergunta, mas o que um produtor deve saber de fotografia?
Respondo, ele não precisa saber fazer, mas precisa reconhecer o bom profissional, saber quais são os equipamentos e a logística de transporte, qual o tempo que se leva para montar e desmontar o equipamento, lendo a cena no roteiro e conversando com o diretor de fotografia deve saber qual seria o tempo razoável para fazer a tal cena. E por aí vai.
Seu trabalho continua sendo o de produzir, mas quanto mais souber, melhor será a produção.

Atualização (16/04/2008): Acabei de ler um post que propõe e responde (pelo menos em parte) outra questão relacionada a este assunto.
Quanto de tecnologia um diretor precisa conhecer?
Se você for James Cameron acho que quanto mais melhor, porém isso só é válido levando em conta a percepção do espectador.

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