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quarta-feira, janeiro 30, 2008

Os Super-Humanos II


De novo explorando o programa "Os Super-Humanos".
Os desavisados podem ter achado estranho o programa só ter mostrado heróis, mas como uma boa trama esta história também teve seus dramas e vilões, eles estavam escondidos sob a superfície e o espectador tinha que escavar um pouco mas eles estavam lá.

Pra mim a maior vítima foi a ciência.
Os experimentos foram muito mal explicados ao longo do programa, qualquer episódio de Mythbusters supera "Os Super-Humanos" em conteúdo científico verificável.
O cara cego por exemplo, é lógico que em algum momento da vida alguém já haveria de ter lhe explicado que a frente de um objeto parece maior do que seu fundo, que aquilo que está na frente parece maior do que o que está atrás. Imagino que como verdadeiro artista ele foi praticando e alguém ia lhe dizendo se estava bom ou não.
Seu poder está em conseguir visualizar mentalmente as paisagens e objetos, não em fazer ou não algo em perspectiva.
Só de olhar a obra dele qualquer pesquisador já saberia dizer se ele seria capaz de desenhar algo em perspectiva, levar o cara pra Itália só pra fazer um desenho mostra como certos pesquisadores realmente não ligam a mínima se o dinheiro de sua pesquisa está sendo bem empregado, com certeza o tal pesquisador trabalha em alguma instituição pública, já estaria despedido se gastasse dinheiro dessa forma em uma empresa privada.
Também notei um certo descaso com os médicos do Homem-gelo, em outro programa da Discovery, sobre escaladas no Everest, era só o escalador voltar do pico que já tinha de entrar na barraca médica, tirar as botas e luvas pra colocar os membros dormentes em uma bacia com água morna. Aí o tal do Homem-gelo completou a meia-maratona e eu não vi nenhuma bacia com água morna esperando por ele, parece que o tratamento médico se restringia a medir a temperatura, olhar a cor do pé e friccionar as mãos em volta, e caso algo desse errado não havia nada a ser feito a não ser amputar.
Bom, não é muito necessário um diploma de medicina pra dar esse tipo de assistência.
O teste para o homem-cálculo também não me convenceu, faltou explicar melhor as diferenças na complexidade matemática entre: calcular que dia da semana caiu 20 de agosto de 1950; e calcular de 1930 a 2030 quais foram os anos em que 20 de agosto caiu na quinta-feira.
Aqui vale a mesma ressalve feita para o cego pintor, talvez o homem-cálculo já soubesse fazer esse tipo de conta, nesse caso ele não precisou inventar o algoritmo na hora, que prova o pesquisador tinha de que o homem-cálculo já não conhecia esse algoritmo?

Quanto aos vilões fica claro que é aquele chinês que mexe com experiências genéticas, misturar duas espécies diferentes só pra saber no que vai dar é com certeza uma maldade e um ato digno de vilão. Quase tão parecido com o de costurar um terceiro braço numa pessoa só pra saber se ela conseguirá sobreviver e/ou controlá-lo.
Misturar espécies assim com tanto descaso é muito diferente de localizar algum gene X responsável pela característica Y (retardar o avanço de células com câncer, por exemplo) e a partir daí tentar inserir o tal gene num outro ser vivo.

E as palavras do chinês, algo como, a engenharia genética é inevitável, um dia ela estará sendo usada no dia-a-dia e não há nada que se possa fazer, "resistir é inútil". Como fica então toda a discussão ética sobre o assunto?

Aliás, se o ser humano não cultivar algum código de ética que preze pelo respeito à vida creio que estará assinando sua própria extinção quando conseguir criar uma máquina com inteligência maior do que a dele.
Isso tem a ver com a teoria da singularidade defendida por aquele cara que queria viver pra sempre. A teoria diz que quando fizermos a primeira máquina com inteligência superior a humana ela será capaz de construir uma máquina ainda mais inteligente que ela mesma e assim por diante, e em poucas gerações existiriam máquinas de inteligência inimagináveis até então, as mudanças na tecnologia se dariam num ritmo tão espantoso que mudaria completamente a sociedade como a conhecemos.
Se essas máquinas não tiverem respeito pelo ser humano será o nosso fim.
Espero do fundo do meu coração que essas máquinas tenham mais respeito por nós do que o tal do cientista chinês tinha pelo ratinho.

Mas eu fiquei pensando, e se esse programa fosse uma comédia?
Era bem capaz que a indústria da moda fosse também uma grande vilã.
Isso iria colaborar com as teorias da conspiração tão comuns na vida dos heróis.
Companhias de costura e empresas de tecido iriam tentar mil maneiras de eliminar o homem-gelo ou tentar neutralizar o seu poder.
Pra quem ainda não entendeu a ameaça que ele representa basta imaginar um mundo onde você não precisa mais se agasalhar no inverno (claramente a estação mais lucrativa para a maligna indústria da moda), bastando apenas usar um shortinho e um tênis.

Milhares de estilistas, modelos e costureiros perderiam seus empregos.
A única roupa realmente necessária seria a roupa íntima, e a maligna indústria da moda sabe que não iria se recuperar nunca deste golpe.

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