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terça-feira, março 11, 2008

O jovem Vargas


Estive pensando sobre o assunto paralelo dos comentários do último artigo. Sobre as pin-ups e Alberto Vargas.
Porque será que as pin-ups são retratadas quase sempre em um fundo inexpressivo? Será que antigamente os artistas tentavam colocar grandes cenários atrás mas ninguém dava bola, focando a atenção apenas nas modelos em primeiro plano? Será que os artistas que desenhavam estas pin-ups seriam tão conformistas assim, pensando, já que ninguém liga pro cenário vou parar de desenhá-lo de vez.

Imaginei como teria sido a história de vida do pobre Vargas, como ele deveria gostar genuinamente de arquiteturas e paisagens, mas o garoto era tão bom em retratar o corpo feminino que na primeira vez em que inseriu uma modelo semi-nua em frente a um chafariz, ninguém mais prestou atenção ao chafariz.
Isto foi se sucedendo com sobrados, florestas e interiores.
Aos poucos Vargas foi apagando a chama de sua paixão e passou a se dedicar àquilo que era realmente bom, retratar mulheres em poses sensuais.
Não é que ele não gostasse de mulheres em poses sensuais, mas a partir daí ninguém mais ligou para seus outros trabalhos artísticos.


Fico pensando também em quantos amigos da Imagem e Som estão enfrentando o mesmo dilema, gostam de uma coisa mas são bons em outra.
Gostam muito de fotografia mas são bons em som, gostam de edição mas são bons em roteiro, gostariam de dirigir mas são bons em produção.
Isto pra ficar dentro da própria área, a coisa se complica muito mais quando o verdadeiro talento de alguém é (por exemplo) tratar de canal mas a pessoa quer por que quer ser um produtor audiovisual.


Alguns tem a sorte de descobrir logo aquilo em que são bons, outros nem tanto, principalmente depois que o curso parou de oferecer algumas disciplinas chaves (edição, roteiro, direção, fotografia, som, produção) para todos os alunos.
Mas descobrir qual é o seu verdadeiro talento não livra o estudante de outra grande questão, será que vale a pena deixar de lado aquilo que se gosta pra se dedicar àquilo que se faz bem, ou àquilo que tem mais demanda e que pode garantir um futuro.

As pin-ups estão aí, e são tão sedutoras que na verdade a gente nem liga pra quantos sonhos morreram, quantos ilustradores de paisagens e cenários desistiram de fazer o que gostavam para poder sobreviver e pagar as contas.

As ilustrações deste artigo são todas de Alberto Vargas, de cima para baixo: On the Road to Guanajuato; Bedroom Interior; The tower of London, 1937; Sweet Dreams.

6 comentários:

Laine disse...

sobre os amigos Ies:acho q a maioria ainda tá na fase: será q um dia vou ser bom em alguma coisa?
mas as pin ups são sempre ótimas, todos gostam delas, não tem erro,os homens por motivos óbvios e as mulheres porque TODAS desejam ser uma.

Roteirista diletante disse...

Me lembrei de um projeto que não conseguimos levar pra frente.
Certa vez cansados com a dificuldade em achar garotas ousadas para os nossos vídeos tivemos uma idéia de fazer um calendário com pin-up boys, mas com uma pequena diferença, apenas modelos da Imagem e Som e fora de forma.
Seriam de fato uma espécie de pin-downs.
Já imaginou? Doze modelos do curso, uns gordos outros magros demais, todos sem camisa, óleo no peito e fazendo pose com os equipamentos.
Janeiro estaria montando um fresnel, fevereiro estaria segurando uma câmera, março segurando o microfone, etc.
A idéia seria colocar este calendário (item praticamente sem preço e de colecionador) no "kit bixo", e de quebra motivar as meninas do curso a serem mais ousadas.

Anônimo disse...

Grande Plínião Diletante; obrigado cara;
Claro que pode, não sabia que era "blogueiro", legal, passarei por aqui mais vezes...;

Abração;

Laine disse...

mas acho q as meninas da IeS não deixavam de ser ousadas, eu por exemplo fiz um vídeo seminua com o dum na cama, isso no primeiro ano, a pri fez um ensaio nu artístico inspirado no homem vitruviano do leonardo da vinci e como esquecer os generosos decotes da vivi por toda a graduação, vc anda muito esquecido Sr. Plínio...e essa história de moderador dos comments aqui num tá com nada...

Roteirista diletante disse...

Quanto à Pri realmente não dá pra reclamar, já vi naturistas com mais roupas, e talvez o mais importante, não era gratuito, tinha arte ali.
Agora permita-me discordar quanto ao resto.
Por mais agradáveis que sejam as suas aparições (e confesso que sou seu fã) você estava longe de parecer seminua.
Se estivesse seminua este vídeo estaria ocupando lugar na estante que eu tenho aqui de vídeos para momentos de divagação.
Também não tinha necessidade de aparecer com menos roupas, não era esse o caso. O pessoal era tão careta nessa época que mostrar você e o D'um (Daniel para quem não conhece) na cama já foi um choque, me entende?
Estou reclamando desta hipocrisia que é posar de liberal mas quando a gente precisava de alguém mostrando um pouco mais de pele não aparecia ninguém.
Um simples beijo era motivo pra colocar uma equipe de produção de pernas pro ar.
Sinto que faltaram cenas de beijo na nossa formação, bem como cenas de batidas de carro, mas aí era porque a gente não tinha dinheiro pra esses efeitos mesmo.

Tem algum tipo de cena que você gostaria de ter praticado mais?

Unknown disse...

bem, disse uma vez, ainda menino, Oscar Wilde:
The aim of life is self-development. To realize one's nature perfectly - that is what each of us is here for.